Iluminamos: Crô, o Filme

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Dois ingressos sobrando daquelas “promochas” de sites de descontos, já tinha visto todos os filmes que queria dos que estavam em cartaz. Pra piorar, ainda tinha de agradar a senhora Vilipas. A combinação disso tudo resultou numa ida ao cinema para ver Crô: O filme.

E valeu?

Meninos e meninas, confesso que fico meio desconfiado quando se trata de cinema nacional. Tem evoluído bastante, cada vez mais. No entanto, a maioria das produções recentes achou o filão das comédias e se agarrou a ela. O resultado são filmes bem rasos, com atores quase sempre a com a mesma “atuação” que conta uma piada no seu programa de TV ou show de stand-up, dando a sensação de que você está vendo quase a mesma coisa que costuma ver na telinha, só que em duas horas. É isso ou, se for o caso do título chamar mais atenção, o fraquíssimo E aí, Comeu?.

Mesmo com essa ressalva em minha cabeça na fira sala de cinema, algo incrível aconteceu: Consegui me divertir.

Cartaz do filme: purpurina, peruas e um “piloto” boladão.

Crô: O filme é um spin-off (derivado) de um núcleo de uma novela exibida pela Globo, chamada Fina Estampa, entre agosto de 2011 e março de 2012. Na novela, Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado) é um mordomo “capacho “ da personagem de Christiane Torloni. Mesmo maltratado diversas vezes, ele é feliz com a condição de subalterno. Ao fim da novela, sua madame deixa toda a fortuna para Crô, e também seus empregados, Marilda (Katia Fonseca) e o motorista Baltazar “zoiudo” (Alexandre Nero). É a partir dessa condição que o filme inicia.

No longa, Crô não consegue se sentir feliz com sua situação de emergente. Tenta diversas formas de investir até se dar conta que ser subserviente é o que lhe faz feliz. Começa aí a sua busca por uma nova patroa.

Eu diria que o filme é uma espécie de “versão do diretor” (Bruno Barreto dirige o roteiro de Aguinaldo Silva, mesmo autor da novela). Ainda assim, o filme permite que se entenda melhor o personagem, sua vontade de servir e dar certa satisfação ao público, que ficou frustrado ao fim da novela.

Divulgacao Cro 1
Marilda (Kátia Fonseca), Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado) e Baltazar “zoiudão” (Alexandre Nero):
boas risadas.

Explica-se : no folhetim, o personagem tinha um amante misterioso que aparecia apenas com uma tatuagem de escorpião no pé. Diziam que sua identidade seria revelada no fim. Muitos cogitavam ser o mau caráter Ferdinando (Carlos Machado) que acabou morrendo na trama. As brigas constantes com o motorista Baltazar, preconceituoso e homofóbico, rendiam tão boas cenas que muitos até torciam para que o motorista saísse do armário. Nada disso aconteceu. Na verdade, rolou até uma trollada épica no fim da novela, onde Crô vira pra tela e, falando com o telespectador, diz que a identidade do amante era segredo e que mesmo com o Brasil todo querendo saber ele não contaria. Se você viu todas as temporadas de Lost, esperando explicações até o último minuto, deve entender bem o que o público da novela sentiu.

Crô e Ferdinand: mesmo sendo “comedor” era ele a maior aposta para ser o amante secreto de Crô.

Devo dizer que Crô: O filme foi corajoso pacas. Um personagem que já estava esquecido pelo público (ainda que, na época, pelo sucesso do personagem, já se prometia um filme para ele) mas que, mesmo assim, os atores não esqueceram a forma de atuar. Na verdade, creio que melhoraram: a química entre Crô e Baltazar é mais engraçada e os personagens puderam “caminhar” sem a obrigação que a novela impõe. Até mesmo a parte “séria” da trama, que trata de trabalho escravo, não ficou voando. Sobre as participações, tirando a de Gaby Amarantos (forçadíssima), os papéis de Ana Maria Braga (como ela mesma) e Ivete Sangalo não comprometem.

Enfim, comédia simples, curta e previsível até o osso, com personagens que cativaram o público no passado. Dá pra ver de boa com a família, esposa, namorada ou mesmo se você nunca viu a novela.

Vilipendiador Unperucked

Sempre se metendo em novos projetos e lutando contra pré-conceitos interiores. Já teve pilhas de HQ's, videogames e cartuchos. Hoje somente bons encadernados e um emulador. Ainda assim, sempre tenta colecionar algo. Pensou em escrever sobre a procrastinação mas achou melhor deixar pra semana que vem.

Este post tem 12 comentários

  1. Vilipendiador Unperucked

    E ninguém comentou pra me sacanear?!
    Tempos de geração bunda mole.

  2. SandroR

    O que a gente não faz pra manter um cobertor de orelha… até filme da Globo temos que ver. É triste a vida do homem brasileiro!

    1. Vilipendiador Unperucked

      hauheuhauhuheuha

      Acho que esses filmes de comédia de hoje, quase todos tem dedo da Globo.
      De qualquer forma, não tenho esses “principios” não. É bom a gente recomenda. A emissora tem (enormes) manchas em sua história, mas tem profissionais excelentes e que desempenham bons papéis por lá.

  3. Caio Egon

    como disse Homer Simpson “Porque pagar mais pra assitir a mesma coisa que passa em casa?”

    1. Vilipendiador Unperucked

      Falas com conhecimento de causa, meu jovem.

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