Iluminamos – Deus da Carnificina

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Fala galera que se diz Cult, mas  ignora a referência de tudo que diz! Hoje teremos um iluminamos diferente, pois, inebriado por esta onda de filmes pseudo-intelectuais resolvi dar uma chance  a Roman Polanski, o qual só tinha como referência o ótimo The Pianist e o divertido Rosemary’s Baby.

Desta forma, sem recursos financeiros para ir ao cinema, assim como, sem a mínima vontade de alugar um filme, fui lá à lista do NOW e para minha surpresa descobri que o interessantíssimo Carnage havia sido habilitado para a programação do Telecine – esta que, por sinal, tem sido um bom saco de estrume.

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Melhor apresentação não há.

Talvez alguns de vocês não o conheça, ou se perguntam o porquê desta minha escolha cinematográfica, no entanto em vez de fazer a referência direta a adaptação da peça homônima,  digo-lhes simplesmente:  o elenco.

Convenhamos, quando é que temos a oportunidade de assistir uma obra onde só contamos com a presença de quatro atores em uma sala? E, para melhorar, quantas vezes tivemos a oportunidade de assistir o show de interpretação de Kate Winslet, Christoph Waltz, Jodie Foster e John C. Reily no mesmo filme? Sendo que todos são dirigidos por Roman Polanski? Essa última só foi uma referência pop, a qual eu utilizei para  me sentir mais Cool e Cult.

Para quem curte Polanski. Aí está, divirtam-se.
Para quem curte Polanski. Aí está, divirtam-se.

Quanto ao filme, seu ritmo é muito interessante, tanto no cenário escolhido como, especialmente, pelo roteiro, uma vez que todos adquirem seu merecido destaque em meio a testes, reconciliações, provocações e mais discussões. No entanto, a maior graça da obra  é a percepção de como uma conversa tipicamente civilizada pode perder o rumo, assim, expondo o quão infantis podemos ser, deixando a dúvida de qual é o limite da nossa civilidade. Será que tal costume advém  do bom senso ocidental, ou simplesmente é um embuste ético que incide sobre a nossa persona com o passar dos anos, feito uma colocação histórico-social? Será que as duas opções são a mesma coisa?  Bom, pretendo não me estender sobre assunto. Contudo, atento que é no desenvolvimento dos personagens, em especial, durante a queda de suas máscaras, que encontraremos a essência do filme.

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Por esta imagem já dá para prever um pouco da personalidade de cada um deles.

O mais importante desta obra, a meu ver é claro, é que a qualidade dos atores finalmente se tornou-se indispensável, fulminando aquela velha máxima de Hollywood que consiste na regra de que bons filmes necessitam de bons efeitos especiais. Nesse contexto, a escolha do elenco mostrou-se extremamente acertada. Querem saber o porquê da minha afirmação?  Então, simbóra!

  • Primeiramente vamos imaginar uma reunião onde dois casais buscam redigir uma notificação para explicar o que aconteceu após a discussão entre seus filhos. O primeiro,  um casal de classe média-alta, é composto por uma escritora/dona de casa  repleta de conceitos da esquerda-cristã (Jodie Foster), enquanto seu marido (John C. Reily), é um homem afavelmente comum e de aparência pouco inteligente.
O marido sanguessuga e sua esposa valente. Trocadilho idiota, não?
O marido sanguessuga e sua esposa valente. Trocadilho idiota, não?
  • Já o segundo, encabeçado por uma bela corretora imobiliária (Kate Winslet) de comportamento devidamente ensaiado e seu marido (Christoph Waltz), um cínico advogado, que sem o mínimo de pudor expõe que em seu trabalho o dinheiro vale mais do que a integridade humana.

    O sacerdote nazista e sua esposa extremamente egoísta em situações de catástrofe.
    O sacerdote nazista e sua esposa extremamente egoísta em situações de catástrofe.

Agora, imaginem se o filho do primeiro casal tem seus dois pivôs arrancados após o filho do segundo acertar-lhe com uma vara de madeira no rosto. E para piorar, somem a situação várias doses de uísque, vômito e um celular que não deixa de tocar por um segundo sequer! Para aqueles que sempre foram fãs da parceria entre Christoph Waltz e Tarantino, ou que curtiram os últimos filmes de Kate Winslet, posso afirmar que não vão se arrepender.

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Sinceramente, quem nunca riu das discussões alheias?  Caso seja um de nós, posso lhe garantir que o entretenimento deste filme existe pelo simples fato de sermos meros espectadores, enquanto dois casais visivelmente educados quebram as regras básicas do contrato social e expelem o que realmente lhes vem à mente! Lidamos com uma situação completamente humana, quando livre de julgamentos morais, podemos ver a tão cultuada civilidade humana ruir!

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  •  Pontos positivos:
  1. O elenco que se completa muito bem.
  2. As cenas onde Christoph Waltz e John C. Reily ignoram todo o caos ambiente para discutir sobre o belo uísque que tomavam assim como os áureos tempos onde cada um tinha sua própria gangue.
  3.  O advogado interpretado por Christoph Waltz rindo por ser chamado de doutor, ao ser confundido com um médico. O que tem de graça nisso? Toda! Primeiro, porque nenhum dos dois são doutores, e o segundo, perceber que lá fora o nosso decreto imperial não passa de chacota.
Quando a lucidez masculina entra na discussão. Sei que em breve serei apedrejado por feministas Polanskianas.  Será?
Quando a lucidez masculina entra na discussão. Sei que em breve serei apedrejado por feministas Polanskianas. Será?
  •  Pontos negativos:
  1. O filme dá uma boa guinada, mas quando pensamos que o caos será instaurado, misteriosamente o ritmo cai de maneira vertiginosa. Contudo não compromete.

Por fim, digo-lhes que  deve ser o melhor filme de Polanski, mas com certeza suga o que tem de melhor na interpretação de cada um de seus atores. Deste modo, podemos concluir que o importante não é a desculpa para juntá-los, e sim vê-los em ação.

Infelizmente não vou colocar a nota, pois alguns leitores me criticaram duramente por ter dado 8,5 para o filme de Homem de Ferro III.

Para quem quer conhecer um pouco mais sobre a obra, aqui está o trailer.

PEGADINHA DO MALANDRO!

Ops... Imagem errada!
Ops… Imagem errada!

Nota: 7,5 – E  para aqueles que não gostaram deixarei um singelo… Deixa pra lá.

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 3 comentários

  1. Renata

    Só achei a Jodie Foster exagerada, não sei porquê.
    Aquela imagem REALMENTE mostra a personalidade de cada um perfeitamente!

    1. Don Vittor

      Quando vi a imagem fique impressionado. rs Quanto a Foster, acho que o papel dela ficou realmente meio caricato.

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