Iluminamos: Turbo

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Não queria ver esse filme. Um caracol com uma turbina no casco? Só vinha na cabeça aquele longa da Disney, Carros, que todos dizem ser chaaato (tá bom, não não cheguei a ver para desmentir isso, fazer o quê?).

Não me interessei nem mesmo ao descobrir que era uma nova produção da Dreamworks, a mesma que concebeu o ogro mais camarada da paróquia, primaveras atrás. Para mim, nada afastava o fato de que aquilo mais parecia um desenhozinho infantil ao extremo…e possivelmente monocórdio, que passaria os convencionais noventa minutos de projeção correndo inofensivamente como um carrinho de um lado pro outro com um sorriso no rosto (tienes ruesto, caracoles?).

Mas, caracoles!, ela me convenceu.

Ainda bem! Foi uma surpresa agradável. Valeu aquela máxima, ou pensamento, que diz que um bom roteiro é quase tudo que um filme precisa.

Entretanto, acorda aí que a enrolação acabou. Vamos ao Turbo, afinal de contas, virei fã do molusco envenenado.

Theo, o verdadeiro nome de Turbo, é um caracolzinho que vive numa comunidade de iguais, situada no jardim de uma casa num subúrbio americano, e trabalha, assim como seu irmão, Chet, colhendo tomates. Theo, porém, sonha em tornar-se um piloto de Fórmula Indy, inspirado pelo ídolo, o piloto Guy Champeón, mas é desacreditado por todos, adequadamente apegados à realidade de que os caracóis, além de serem, ora, caracóis, são ridiculamente lentos.

Como num filme de super-heróis, que têm congestionado as telas atualmente, Théo sofre uma espécie de acidente, e adquire os poderes de um carro – de um carro cheio de nitro no melhor estilo velozes e furiosos, porém. A partir daí, essa sua distinção acaba, é claro, trazendo confusão para ele e seu irmão, até que, por um lance do destino, e das maravilhas da comunicação não-verbal entre humanos e gastrópodes, Turbo consegue chegar à Indianápolis. E o resto é história.

Sério: Com H maiúsculo. Turbo mira no público infantil, mas verdadeiramente cativa adultos, tanto pela linguagem inteligente porém nada hermética, quanto pela narrativa consistente que nos faz acreditar na história de superação de um caracolzinho que parece ter asas na concha.

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Há personagens caricatos, mas Chet e Guy Champeón, por exemplo, são bastante verossímeis. Ambos são apegados demais ao mundo que os cerca para admitir que mudanças possam ser bem-vindas. Bem, Chet acaba aprendendo isso, enquanto que Guy é, por assim dizer, forçado a isso.

Muito interessante notar nos irmãos Tito e Ângelo, e em todos os outros comerciantes do shopping que existe na trama, ecos da crise financeira de 2008, com suas lojas esvaziadas e a inglória luta por clientes, comparável a de Dom Quixote contra moinhos de vento.

O 3D é uma atração à parte, realmente envolve nossos sentidos. A sensação durante algumas corridas é a de que estamos imersos num videogame de última geração.

E, embora à primeira vista os caracóis pareçam aqueles personagens toscos formados por uma bola e par de olhos encontrados somente em curtas do Anima Mundi, posso atestar que são bastante versáteis, chegando a usar os olhinhos como braços, veja só!

O que impressiona, no fim das contas, é que não há muito mais o que se dizer da animação em 3D atual. É tudo tão real que já soa natural, não parece desenho animado. Ainda mais que Turbo se passa no que convencionamos chamar de “mundo real”.

Enfim, não consigo mais me segurar para fazer esse trocadilho: é bom acelerar se ainda quiser ver Turbo na telona, porque a corrida já começou nos cinemas há algumas semanas.

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Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 4 comentários

  1. Eu costumo ver quase todas as animações que estreiam nos cinemas. Adoro esse filão novo que surgiu com Toy Story, e provavelmente vou ver esse. A premissa de um caracol em supervelocidade, desde o início, me pareceu boa e capaz de trazer, possivelmente, um monte de situações inusitadas e engraçadas…. Bom post, Sava!

    1. Rodrigo Sava

      Valeu, Colossus. E, a propósito, sempre que alguém fala de Toy Story me volta a culpa de não ter conseguido pegar o fim da trilogia nos cinemas… Ainda hei de assisti-lo!

      1. Cara, o último Toy Story é muito fraquinho, se comparado com os 2 primeiros… A história não tem pegada, o uso dos personagens parece meio fora de lugar, cansado e desgastado… Tem aquela coisa de o Woody ter achado seu “par romântico”, o que deixa esse filme com ar de final de novela das 8… Tirando isso, é um bom filme pra se ver se passar em algum canal da TV. Só isso…

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