Normalmente, uma crítica está repleta de expectativas do próprio crítico. Assim, o que deveria ser uma análise democrática, objetiva, acaba sendo uma ferramenta direcionada em que só terá eficácia àqueles que pensam parecido com quem criticou.

E esse post não é diferente… No fundo, tentei ser imparcial, mas não deu. Admito que boa parte das minhas impressões esteja baseada naquilo que gostaria de ter visto nesse programa. Fazer o quê? Pelo menos, não sou jornalista. Então, não preciso fingir ser objetivo, imparcial, focar nos fatos e toda essa enganação pregada na faculdade ou na imprensa.

Wébico é um programa do Multishow que estreou no dia 28 de outubro de 2013. Segundo o site do canal, “a atração vai comentar vídeos engraçados e clássicos da internet. Cada episódio terá um convidado, como Rodrigo Fernandes, do blog Jacaré Banguela, Rodrigo Piologo, do site Mundo Canibal, e Ricck Lopes, que faz sucesso nas redes sociais com a Gina Indelicada, além da participação da plateia.” A apresentação é de Fabio Rabin, Pathy dos Reis e Cauê Moura. Com aproximadamente 25 minutos de duração, ele é exibido de segunda a sexta, às 21h.

Discordo dessa mania de “programa para jovens” colocar plateia em um tipo de arena – maldição do saudoso Programa Livre (e outros, claro…). Fica um monte de jovens/adolescentes batendo palmas na hora que a produção pede, rindo quando a produção solicita, gritando quando a produção estimula. Se você já foi a uma gravação deste tipo de programa, sabe como é.

Acredito que o público deste programa seja de pessoas que já utilizam a internet. Desta forma, não há nada de novo em usar e comentar vídeos engraçados da web. [modo acadêmico: on] Assistir pela internet é trazer para o material (físico) aquilo que era intangível; é tornar o pensamento/potencial em algo real/atual – isto faz parte da linguagem própria da web. Na TV, perde-se esta característica, pois a postura é diferente, estamos afastados, e isso altera o modo como lidamos com o conteúdo. Quando se tenta trazer para a TV conteúdo “internético”, a diferença de linguagem (leitura) impactará negativamente na experiência, pois não poderemos fazer ligações (links), associações, compartilhamentos, comentários etc. [modo acadêmico: off]

Assim, boa parte do programa ignora a presença do convidado. Em diversos momentos, percebo uma cara de “o que estou fazendo aqui?”…

Não consegui descobrir a justificativa para aquele cenário poluído. Bicicletas, cadeiras, fogão, pôsteres, gaiolas… Objetos antigos, novos, futuristas… É uma casa, um quarto? Uma nave?

O ponto forte do programa é podermos ver um lado das personalidades da internet que não estamos acostumados. Origens, dificuldades, opiniões, comportamentos verdadeiros etc. Infelizmente, este ainda não parece ser o foco. Wébico, bem no começo, estava mais para uma vitrine que utilizava apenas a presença da webcelebridade como chamariz. Nos últimos programas, isso parece ter mudado (que bom). Claro que muitos convidados não possuem nada de interessante para falar, mas isto já é outra discussão…

Poderíamos dispensar os teatrinhos, que acabam reforçando um pouco a “vergonha alheia”. A dinâmica entre os três apresentadores não está muito legal também…

Por fim, no geral, é um bom programa. Prefiro as partes mais sérias, em que o entrevistado fala sobre seu trabalho e opiniões ou que os apresentadores conversam sobre algum vídeo. Wébico é ainda muito novo e mudará muito. Devo admitir que já está bem melhor do que quando começou. Então, se você curte conteúdo web e decidir assisti-lo, comece pelos últimos e ignore os antigos…

E, obviamente, este programa seria muito mais interessante na internet…