Ponta de Estoque: Gran Turismo 5

Você está visualizando atualmente Ponta de Estoque: Gran Turismo 5

Sempre tem gente fazendo cobertura de novos games, porém, ninguém se lembra daqueles que não têm dinheiro pra ficar comprando lançamentos, mas também querem ter seus joguinhos. Esse é o objetivo básico dessa coluna: ajudar a orientar as pessoas que querem ter jogos sem gastar tanto, e não se importam que sejam mais antigos. Além disso, também é uma desculpa barata pra cagar regra em cima de jogos antigos que ainda são vendidos em promoção pelos camelódromos e infocenters da vida.

O jogo de hoje será Gran Turismo 5; lançado em 2010. No finalzinho do ano passado (2013), Gran Turismo 6 foi lançado, deixando seu antecessor como título recorrente nas prateleiras de “promoção”, podendo, então, ser encontrado a bons preços. Mas ele vale a pena?

GT5-GT6

A série Gran Turismo é a mais bem sucedida de todas as franquias originais da Sony. Best Seller absoluta, já vendeu um total de 72 milhões de unidades, desde 1998, quando foi inaugurada com o revolucionário título para PS1. Além disso, a franquia é uma das mais criticamente aclamadas.

GT5-Gran Turismo 1

Mas por que tanto sucesso? Primeiro de tudo, a série conta com uma engine única, especialmente desenvolvida para o game, que levou cerca de 5 anos para ficar pronta, e, à época do lançamento do primeiro game, em 1998, ainda não tinha sido finalizada, sendo considerada uma versão beta. Esta engine inovava com elementos únicos na jogabilidade: a angulação da curva que o carro é capaz de fazer varia de acordo com o grau de pressão que é colocado no joystick analógico. Se a alavanca for levemente pressionada, o carro percorrerá a curva em um ângulo aberto e brando. À medida que você vai apertando mais a alavanca, vai, correspondentemente, fechando mais o ângulo da curva, de modo que, se pressionada até o final, a curva será bem fechada (tal qual, proporcionalmente, fazemos com um volante real). Além disso, há toda uma série de “forças de resistência” impostas ao carro, dependendo da angulação das curvas, do traçado e do tipo de pista, que tornam a experiência de dirigir um exercício de paciência e atenção com o seu carro. Por conta disto, fica a necessidade de se conhecer o carro e comprar as peças certas, que afetam o seu desempenho à frente do volante, e troque os pneus, freios e suspensões, de acordo com as circunstâncias.

GT5-tunningmenu
Menu geral de customização. Aqui você pode mexer em praticamente qualquer parte do carro, como chassi, suspensões, tramissão e sistema de injeção eletrônica, por exemplo.
GT5-transmissiontunning
O nível de detalhamento da customização é tal que permite ao jogador configurar o melhor ponto de passagem de marcha, baseado no número de RPM, ao mesmo tempo em que demonstra a velocidade máxima estimada em cada marcha.

Aliás, à época do lançamento do primeiro Gran Turismo, variedade foi um de seus pontos altos: desde o seu lançamento, o jogo contou com um grande número de carros oficiais, licenciados pelas mais diversas montadoras, e de vários anos diferentes. O primeiro título contou com 178 carros (uma variedade absurda, para a época), permitindo que você, piloto, pudesse escolher, dentre estes, aquele que melhor se adequasse ao seu estilo de direção. Com um elenco que contava com carros que iam desde o popular Honda Fit até o deslumbre do Aston Martin DB7, o jogo tinha carros para vários gostos.

GT5-Aston_Martin_DB7_Coupe GT5-Honda_Fit

Gosto foi uma coisa que a Sony levou a sério neste game. Gran Turismo, além da grande variedade de carros, ainda dispunha de inúmeras opções de customização, que incluíam pintura personalizada; peças avulsas para embelezar ou otimizar a passagem de ar pela carenagem; refinamentos e tunning para a parte mecânica; permitindo que cada carro tivesse uma grande liberdade visual. Devido ao conjunto, o jogo foi um dos grandes vencedores de crítica e público dos anos de 1998-2000, em sua categoria. A 5ª edição, por sua vez, conta com um elenco de mais de 1000 carros, cerca de 30 pistas diferentes e layouts alternativos destas pistas, somando um total de 81 variações. Infelizmente, ao contrário das primeiras edições desta franquia, o elenco de carros conta com inúmeros modelos defasados e repetidos de outras edições, e com raros modelos novos. Tornando a novidade meio batida.

O jogo também demorou bastante tempo para ficar pronto, quase 5 anos. O início de seu desenvolvimento se deu por volta de 2005 e 2006. A engine do jogo ainda é essencialmente a mesma. Se você só jogou o 1º Gran Turismo, e por acaso vai somente agora pegar, direto, a 5ª edição, não vai sentir muita diferença. O sistema de dirigibilidade dos carros (com variações possíveis de acordo com o modelo do carro e a sua configuração mecânica customizada) continua o mesmo, com pequenos refinamentos. O sistema de angulação de curva de acordo com a inclinação do joystick está mais estável e sensível. Se você gosta de usar o cambio manual, vai sentir bastante diferença no sistema de marchas, já que agora o painel conta com um indicador que possibilita a otimização na passagem, permitindo que você mude de marcha no ápice do aproveitamento do motor, fazendo, com isso, que o carro desenvolva velocidade de maneira mais rápida e eficaz. Se por um lado, o sistema de freios foi melhorado, com os carros respondendo de maneira mais realística à freada nas curvas, por outro, o sistema de colisão – grande defeito da série, como um todo – continua falho. Para um jogo que se pretende um “simulador de condições reais de dirigibilidade”, as colisões são ridículas: os carros batem nos obstáculos e ricocheteiam de volta pra pista num ângulo quase igual ao da ida, não há influência de peso, ou fatores externos. Também foi implementado um sistema de danos nos veículos que, apesar de tentar, não reflete realisticamente os danos verdadeiramente efetuados no carro.

GT5-collision_chaos2
Quando que, em uma batida, aquela lanterna esquerda ia dobrar daquele jeito sem quebrar?

Outro problema do jogo é o visual: não há grande melhora gráfica do Gran Turismo 4 para o Gran Turismo 5. De fato, não há melhora alguma, tirando os efeitos de reflexo e iluminação, que estão mais delicados, mais homogêneos e consonantes com a iluminação do cenário. Como disse antes, os danos dos carros são artificiais e parecem pré-programados, sem relação com o tipo de batida. Além disso, há queda na taxa de FPS (frames per second), que ocorre principalmente quando há muitos carros na pista, e com circunstâncias ambientais adversas (como chuva e neblina).

A grande melhoria do Gran Turismo 5, em relação aos outros, foi o seu modo Multiplayer: rico, bem planejado e com um excelente tempo de resposta. Infelizmente, para os que pensam em comprar esta edição, o multiplayer foi fechado neste mês de abril. Da mesma maneira, os itens extras que poderiam ser baixados pela rede também foram sistematicamente descontinuados. Portanto, se você pretende comprar a edição Favoritos, tire da cabeça a ideia de que vai ganhar o monte de bônus (como carros e pistas extras), anunciado no encarte da caixa… Nada disso está mais disponível, tornando o valor de compra deste jogo ainda mais baixo.

Portanto, apesar de ser um bom continuador da série, Gran Turismo 5 não apresenta inovações dignas de nota. Sua engine é basicamente a mesma, e as melhorias gráficas, apesar de visíveis, não parecem ter suportado o teste do tempo. Com o lançamento do Gran Turismo 6, houve uma queda estratosférica no preço do . Se antes era comprado por preços que variavam de R$ 120,00 a R$ 170,00, hoje pode ser encontrado em uma faixa de preços que vai de R$ 45,00 a R$ 80,00. Vale a pena? Depende. Se você é fã da série, esse jogo não faz feio, mantém as expectativas e continua o legado da franquia (tanto é que esta edição teve um total de 10 milhões de unidades vendidas). Se não é fã da série, dispense e compre o 6º, muito mais bonito e com melhores carros.

FICHA TÉCNICA

Plataformas – Playstation 3

Ano de lançamento2010

Nota7,8

Preço – de R$ 50,00 a R$ 80,00

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Deixe um comentário