Ser nerd não está na moda

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Calma! Leia tudo antes de me crucificar…

Comecei a fazer a limpa nos armários de casa. Na primeira caixa que peguei estavam algumas das revistas que colecionava na década de 1990: Homem-Aranha, Super-Homem, Wolverine, X-Men… Momento nostálgico. Meus olhos lacrimejaram (devido à poeira, fungos e ácaros). Mas não foi o retorno ao passado de HQs que chamou minha atenção. No meio de tantas revistas de ficção, encontro uma diferente: Herói.

Criada em 1994 pela Editora Acme, em parceria com a Nova Sampa, a revista possui conteúdo informativo sobre heróis. O primeiro número tratava exclusivamente de heróis da TV, aproveitando a explosão dos Cavaleiros do Zodíaco (na verdade, boa parte dos números seguintes usava algum Cavaleiro na capa). Filmes, séries, desenhos, mangás, não importava o meio, a revista falava sobre heróis solitários ou em grupo.

Por que ela chamou minha atenção? Bom, diz-se que hoje estamos vivendo um período onde a Cultura Nerd está na moda. Sites, canais do Youtube, blogs, páginas do Facebook, filmes, brinquedos, roupas, tudo relacionado aos nerds. O discurso dá a entender que são coisas novas, nunca “dantes navegadas”.

Então, contenham-se pequenos mancebos! Como tudo na vida, alguém já fez isso antes e a revista Herói é um exemplo (não único). Temos que tomar muito cuidado para não nos enganarmos achando que a cultura nerd não era valorizada e que ela surgiu só agora. A diferença que ocorre hoje é que, com a digitalização da informação e a criação de ferramentas mais fáceis e baratas de usar, o volume de informação e seu compartilhamento aumentaram enormemente. E essa proliferação chamou a atenção da mídia mainstream e daqueles que, antes, não se consideravam ou tinham vergonha do nerd dentro de si.

Na minha época de moleque, era preciso ir a um jornaleiro (sim, sou carioca) e comprar uma revista como a Herói para ler sobre assuntos que me interessavam. Para compartilhar informação, você tinha que criar uma fanzine ou conseguir financiamento para publicar uma revista.

Já com a internet, a busca e criação de conteúdo ficaram extremamente fáceis (não necessariamente relevantes, diga-se de passagem). Nós não precisamos mais esperar um assunto sair na mídia (leia-se: grande imprensa) para ter acesso a ele. E podemos tirar onda agora: as grandes corporações midiáticas foram obrigadas a se atualizar, utilizando as ferramentas digitais e pautas correlatas, para não perder público (com exceção de João Emanuel Carneiro, que desconhece a fotografia digital, pendrives e o armazenamento na nuvem…). Elas até tentaram bravamente não ceder às tecnologias digitais de compartilhamento, mas já era.

Ou seja, ser nerd não está na moda; o que está na moda são o termo e a oferta de conteúdos nerds em função da facilidade do consumo pelo público demandante. Conteúdo nerd sempre existiu (mesmo com outros nomes), VOCÊ é que hoje está mais interessado na busca por este tipo de informação.

Falar sobre nerd ou ser nerd não são moda. Cavaleiros do Zodíaco, Shurato, Jaspion, Power Rangers (argh!) são moda. Até mangá é moda! (brincadeira Zé Messias…)

Não. Desculpem, Jaspion não é moda…

Gustavo Audi

Se fosse uma entrevista de emprego, diria: inteligente, esforçado e cujo maior defeito é cobrar demais de si mesmo... Como não é, digo apenas que sou apaixonado por jogos, histórias e cultura nerd.

Este post tem 6 comentários

  1. Sasquash, o sidekick do Ultra

    Bem legal o texto. Nós velhos nerds de outrora tivemos batalhar por nossas paixões, para conseguir informação, para se dedicar a tudo isso. Normal que hoje em dia com tudo a um clique de distancia se torne moda. Só que moda é passageira. E eu estou nessa ha mais de 30 verões;

  2. Victor Vaughan

    Gustavo, eu tenho TODAS as revistas heróis que saíram nas bancas cariocas, nossa, como era apaixonado por ela e só tinha a mesma na época para me informar e curtir minhas paixões. Guardo com o maior carinho. Realmente nerd não está na moda, sempre foi a moda, que o diga Shakespeare! : )

    1. Gustavo Audi

      Eu parei de colecionar no número 77 (Zé do Caixão na capa). Depois que tirei da caixa, todo dia dou uma lida em algum número (vou fazer isso até minha mulher reclamar que elas estão todas espalhadas na mesa da sala…)

  3. JJota

    Cara, eu tenho algumas revistas Herói. Mas sempre fico mesmo com nostalgia quando me lembro da Wizard (não aquela publicada pela Panini).

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